EDITORIAL: Você tem significação num COMTUR?

(Ou: voluntariado é muito mais além de apenas seu nome próprio numa lista)

Sua vontade é de aparecer, ocupando um assento no Conselho Municipal de Turismo de sua cidade ou você, como voluntário, está plenamente consciente de sua responsabilidade em fazer o melhor para o trem do turismo não descarrilhar, rolando pirambeira afora?

Muita movimentação acontece no cenário das decisões do Legislativo e do Executivo estaduais e os gestores municipais despejam discursos de terem conseguindo algum tipo de garantia para suas cidades não “caírem” fora da classificação como Estâncias Turísticas paulistas.

Na verdade, algumas cidades praticamente já estavam com o peso maior desafiando a Lei da Gravidade, por conta da gravidade de não terem observado, completa e inteligentemente, as Leis e recomendações estabelecidas para serem e existirem com Estâncias. Faltava muita coisa, como ainda falta, em termos de documentação.

Atribuir responsabilidade às gestões anteriores é bastante cômodo, mas perigosamente se torna um jeito de “puxar a sardinha” para a brasa administrativa, caso o COMTUR da cidade não se posicione, também, como protagonista das melhores soluções e responsável para a coisa não desandar novamente. O curativo não pode ser paliativo, mas curador mesmo.

Valeu o susto?

No computo de todos os pontos instituídos no procedimento de ranqueamento dos municípios turísticos paulistas, o COMTUR tem peso equivalente a quase 30% do total. Ou seja, os dois terços do Conselho, formados por sociedade civil e iniciativa privada são responsáveis na linha de frente pelos resultados positivos (ou não) na classificação das cidades.

Infelizmente é notável o comodismo de grande parte dos senhores conselheiros de turismo, mantendo-se ausentes às reuniões, não apresentando propostas, não discutindo ideias. Daí, não cabe “botarem a boca no trombone”, criticando decisões estaduais ou mesmo municipais.

Se o COMTUR é, por lei própria, deliberativo, consultivo e fiscalizador, não compete a nenhum dos seus integrantes ser acomodado, pouco ativo, ausente.

Cadeiras vazias não aprovam o trabalho do COMTUR, via de regra.

Ocupar o cargo pelo mero fato de se denominar conselheiro e imaginar merecer destaque social por isso é um enorme engano, para não dizermos total falta de bom senso.

Isso é sobre alguns presidentes, inclusive.

A festinha feita pelos gestores municipais por conta de terem a garantia inicial de não virem a perder a classificação é muito precoce, até mesmo ingênua.

Além de precisarem corrigir desvios ou faltas documentais, precisam atentar para alguns acenos já manifestados pelos especialistas: municípios Estâncias, e isto serve também para os novos MITs, precisarão estar inseridos na pontuação positiva do ranqueamento para merecerem repasses. Apenas o título não os credencia merecedores de repasses de dinheiro para o fomento do turismo. E essa grana não chega “caindo do céu” imediatamente. Projetos inteligentes são exigidos, indispensáveis.

Aguardemos o capítulo final do ranqueamento. Algumas lágrimas poderão rolar, acreditem. E muitas delas serão de responsabilidade de um COMTUR pouco ou nada atuante.

Lembrando, para os descuidados ou desavisados: o mandato de presidente do COMTUR tem validade até 31 de dezembro dos anos ímpares. Ou seja, em janeiro precisa haver eleição de novo representante da iniciativa privada/sociedade civil. O atual presidente de seu COMTUR merece recondução? Se sim, parabéns. Se não, por qual razão a recondução?

Mero comodismo?

É preciso zelar pelo próprio nome, em vez de caprichar nas aparências e falas...

Penso assim.

Assino:

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista especializado em Turismo, membro do Conselho Deliberativo da AMITur (Associação Brasileira dos Municípios de Interesse Cultural e Turístico)

 

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