EDITORIAL: Os arautos desinformados
(Ou: até a galinha só cacareja quando o ovo está posto)
Surgiu boateira sobre encontro entre líderes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com a definição de 70 novos MITs (Municípios de Interesse Turístico) paulistas.
Conhecidos “profissionais” do turismo regional até anunciaram isso.
Houve representante do Legislativo de importante Estância Turística “preocupada”, segundo suas fontes, com a possível perda da condição de Estância Turística da sua própria cidade e outras do estado e a queda de MITs.
Esse pessoal, em vez de ser comedido e pesquisar mais (isso exige um pouco de trabalho...) sobre os parâmetros de ranqueamento, utilizou-se das tais conversas de líderes para agitar a bandeira do “vejam como eu sei e descubro coisas para fazermos festa, oba-oba, etc. e tal”.
Como a próxima largada pelas urnas já está se desenhando, a moça de um dos Legislativos municipais deve saber menos ou nada a respeito, apesar de até ter votado algum Plano Diretor de Turismo da cidade. Na verdade, talvez “impensadamente” veio a semear algum tipo de pânico.
Com o intuito de elucidar à opinião pública explicamos resumidamente assim:
O ranqueamento está definido há mais de um ano, pelos técnicos do GAMT, órgão de consultoria técnica afeto à Secretaria de Turismo e Viagens do estado de São Paulo.
Há uma fala, na ALESP, de se estabelecer um maior número de vagas para Estâncias Turísticas e MITs (Municípios de Interesse Turístico). Das atuais 70 teremos 80 Estâncias e, de 144 MITs, teríamos 165. Somente após essa definição seria aplicado o ranqueamento.
Uma segunda fala, nos meios legislativos, é a de se aprovar todos os mais de 70 Projetos de Lei destinados à classificação como Municípios de Interesse Turístico já avaliados positivamente pelo GAMT. Assim, todos seriam contemplados com o título. Entretanto, não há garantia de virem a ter direito ao repasse de recursos destinados pelo DADETUR simplesmente por conta da Previsão Orçamentária.
Esse falatório com feições meramente politiqueiras dos “sabedores de tudo” regionais é um bom “papo furado” para mostrarem serviço. Na verdade, especulam um falso resultado.
Fica a dica: há a possibilidade de virmos a conviver com a nova grade de municípios turísticos paulistas: 80 Estâncias e, pelo menos, 214 MITs. Esse número de Municípios de Interesse Turístico, no entanto, pode contemplar (com verbas do DADETU) apenas 165 cidades.
Os demais ficariam, caso não aconteçam mudanças de rota, na sala de espera para o próximo ranqueamento, previsto para acontecer nos próximos dois ou três anos.
Merece atenção, também, o fato de o ranqueamento ter sido fundamentado em procedimentos minuciosamente pensados, com detalhes de pontuação por itens classificatórios. O principal termômetro é o fato de o COMTUR – Conselho Municipal de Turismo ser o protagonista em contribuir com 1/3 do total de pontos. Ou seja: a iniciativa privada vai poder mostrar se sabe defender a brasa para a sua sardinha ou se, apenas, conta com o cacarejar político, aceitando os procedimentos definidos pela gestão municipal.
O empreendedor precisa entender que seu negócio é o melhor negócio da cidade. Simples assim.
É previsível acontecer um festival de choros, ranger de dentes e protestos.
Se o grid de avaliação for mantido e não mexido politicamente, teremos respeitados os resultados técnicos e o merecimento ideal de quem fez a tarefa de casa.
Turismo é coisa séria.
Simples assim.
Marcos Ivan de Carvalho
Jornalista independente, especializado em turismo MTE91.207/SP
Gestor de Turismo pelo IFRJ/MTur/MEC
Membro do Conselho Deliberativo da AMITur
Filiado à ABRAJET-SP