EDITORIAL: Tratorando a própria assinatura em Lei Municipal prefeito parece ignorar o COMTUR

Eventos com foco em turismo não referem, em seu noticiário, a existência do Conselho Municipal de Turismo

 

ANTES DE TUDO, E POR RESPEITO ÀS PESSOAS, PRECISO SE FAZ ESCLARECER:

Não escrevo em nome do Conselho Municipal de Turismo de Pindamonhangaba por dois motivos:

  1. Há algum tempo fui recusado, como profissional jornalista, na composição do COMTUR. Até mesmo com discurso inflamado de um ex-secretário, tentando justificar a não aceitação de a imprensa especializada, por esta não ser importante para o Conselho, haja vista não desenvolver nenhuma atividade turística...
  2. Em não compondo o quadro de Conselheiros, não sou seu representante. Aliás, para qualquer atividade envolvendo o COMTUR, necessário se faz formalização de convite, para constar em ata e, no caso de o titular investido na presidência não puder comparecer, um ofício nominativo também se faz necessário para indicar o representante.

Escrevo, porém, como profissional de jornalismo especializado em Turismo e cidadão adotivo de Pindamonhangaba, com direito à liberdade de expressão e, se desejar, de assistir às reuniões do Conselho. Abro, desde agora, direito à resposta.

Preliminar:

Numa recente live, da qual participei a convite, antes de a mesma ser colocada no ar ouvi diálogo entre um outro convidado e o mediador (o áudio vazou na hora certa). Dizia, o convidado, sobre minha posição de “bater muito”, sentido figurado de criticar.

Ficou combinado, entre os dois, de haver uma “interferência” caso eu “pegasse pesado”.

Bendita tecnologia capaz de mostrar a necessidade de ser aperfeiçoada.

Vamos aos fatos motivadores do título deste editorial:

Não se trata de bater, mas, sim, sacudir.

O COMTUR parece não existir no conceito do prefeito de Pindamonhangaba.

O moço tem ideias, ou compra ideias de pessoas interessadas, as quais parecem serem autores da descoberta de ovos redondos, não mais ovais. Ou seja, a perfeição parece ser o mote da administração. Acontece, porém, a perfeição dos ovos é eles serem oblongos...

Na verdade, há a exacerbação da arrogância e do “mando eu, quem quiser obedeça ou desapareça” acontecendo no palácio de vidro.

O trator da arrogância passa por sobre a Lei 6.122/2018, assinada pelo próprio administrador e, em seu artigo 1º se resumem as atribuições:

“Art. 1° Fica criado o COMTUR - CONSELHO MUNICIPAL DE

TURISMO, que se constitui em Órgão local na conjugação de esforços entre o Poder

Público e a Sociedade Civil, de caráter deliberativo e consultivo, para o assessoramento da

municipalidade em questões referentes ao desenvolvimento turístico do município de

PINDAMONHANGABA”.

Desde o mês de fevereiro deste ano o COMTUR tem nova gestão. Do conhecimento sobre as melhores intenções da nova Mesa Diretora é possível entender mudanças fortes no tocante aos objetivos e comprometimentos do órgão.

Até mesmo em estudos para se alcançar um possível Calendário de Eventos nascido sob a ótica COMTUR.

Entretanto, em duas gestões anteriores o Conselho sempre foi levado em banho maria, haja vista não ter desenvolvido nenhum projeto e nem ter sido consultado, formalmente, a respeito de projetos propostos pela administração. Confortavelmente ao gosto da gestão e seus comissionados.

É o trator da vontade de autopromoção comprimindo as coisas em seu favor.

Dois recentes destaques dessa falta de observância a uma Lei Municipal:

A mídia noticiou a apresentação, em gabinete da administração, de um projeto versando sobre um possível Mirante Gastronômico nas proximidades do DECK e do PORTAL DA CIDADE.Participaram muitos convidados, menos um representante oficial do COMTUR.

Ontem mesmo, em conversa com um respeitável empresário de Pindamonhangaba, ouvimos de sua visita ao tal deck: “Um punhado de preservativos espalhados lá”.

Lembrando ter sido, o projeto do tal mirante gastronômico, apresentado a vereadores e alguns assessores lotados na edilidade...

Por outro lado, o projeto contempla instalação de um mix de gastronomia próximo ao Aterro Sanitário de Pindamonhangaba... Sem mais comentários.

Enquanto isso, os comerciantes do centro da cidade são prejudicados com estreitamentos de ruas, calçadas mal dimensionadas até mesmo por conta de uma suposta acessibilidade.

Querem um exemplo? Em outra conversa recente, ouvimos de uma Pessoa Com Deficiência o comentário sobre qual nota, de zero a dez, ela daria ao piso podo táctil instalado na região central. Resposta “Três. Eu já caí mais de uma vez”, com o acréscimo do comentário sobre nota Zero para a Praça Monsenhor Marcondes.

Enquanto o prefeito pensa em mirante gastronômico próximo ao habitat de urubus, uma possível grande mexida inteligente, e mais agradável a todos, seria a mudança da Biblioteca Pública do Bosque para um local mais saudável para o acervo, uma recomposição nas instalações originais do prédio do Bosque, com toda acessibilidade.

Posteriormente, uma licitação inteligente para exploração do Restaurante do Bosque... Seria inviável o aumento de fluxo ao local?

Aconteceu, há pouco, um encontro para estudos a respeito de ações pelo turismo. Pindamonhangaba compareceu na figura do prefeito e alguns assessores. Não vimos fotos nem citação de nomes de Conselheiros Municipais de Turismo.

Estava lá, sim, um conselheiro o qual faz parte da secretaria de Cultura e Turismo. Não houve, em momento nenhum, a preocupação de referir-se oficialmente um representante do órgão.

Neste caso, haveria a configuração de “dupla atividade”? Não seria interessante um representante da sociedade civil, considerando-se essa necessidade para acontecer o respeito ao instrumento legal referido no início?

E o prefeito discursa sobre estar à frente de uma “cidade inteligente”.

Qual seria o nível intelectual atribuído, por ele, aos representantes da Sociedade Civil?

Espera todos estarem como cordeirinhos, somente concordando com tudo?

Já passou da hora de respeitar a Sociedade Civil e, não apenas, canalizar olhares para suas ações decididas no gabinete.

O verdadeiro gestor dá voz à sociedade e a ouve, não apenas se amparando em onze supostos representantes desta, os vereadores, todos sempre sorridentes em fotos ao lado do alcaide.

Tratorar a própria lei é ignorar, verdadeiramente, o direito de toda uma sociedade ser respeitada e representada.

O COMTUR está chamando representantes da Sociedade Civil para comporem seus quadros, ainda desfalcados. Além disso, necessário se faz capacitar os já existentes.

Uma medida importante, recomendada ao Conselho: fazer cumprir os artigos e parágrafos seguintes:

 “Art. 6° Compete aos Membros do COMTUR: a) Comparecer às reuniões quando convocados”.

Art. 7º - Parágrafo 2° - “Quando das reuniões, serão convocados os titulares e, também, os suplentes. Os Suplentes terão direito à voz mesmo quando da presença dos Titulares, e, direito à voz e voto quando da ausência daquele”.

A cidade tem potencial? Isso é inegável.

Falta, e muito, política pública para esse potencial ser motivo de organização da Sociedade Civil a qual, urgentemente, precisa se desvincular do mau hábito de as soluções (muitas delas desastrosas) nascerem lá ao lado da Rodoviária.

Simplesmente por ser preciso ler, entender e conhecer Pindamonhangaba.

Quem vem de fora, em sua maior parte, trabalhar na casinha de vidro, também é turista, ainda não sabe muito da importância da Princesa do Norte.

Assino:

Marcos Ivan de Carvalho

Jornalista Profissional Independente ME97.201/SP

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